segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Pontos Cantados de Exus e Padilhas

SALVE TODOS OS EXÚS E PADILHAS

LADAINHA DE EXÚ

É mogibá seu Exu Rei é mogibá
É mogibá Seu Exu Rei é mogibá
Seu Tranca Ruas na Quimbanda é mogibá
É Mogibá Seu Tranca Ruas é mogibá
É mogibá Exu do Lodo é mogibá
É mogibá Exu do Lodo é mogibá
Tatá Caveira na calunga é mogibá
É mogibá Tata Caveira é mogibá
É mogibá seu Marabô é mogibá
É mogibá seu Marabô é mogibá
Seu Toco Preto lá na mata é mogibá
É mogibá seu Toco Preto é mogibá
É mogibá Exu Mangueira é mogibá
É mogibá Exu Mangueira é mogibá
Exu Veludo na magia é mogibá
É mogibá Exu Veludo é mogibá
Seu Tiriri lá no retorno mogibá
É mogibá seu Tiriri é mogibá
É mogibá Exu dos Rios é mogibá
É mogibá Exu dos Rios é mogibá
A Pomba Gira na defesa é mogibá
É mogibá a Pomba Gira é mogibá.


PONTOS DE EXÚS

I
O sino da igrejinha faz Belém bem bom
Deu meia noite o galo já cantou
Seu Tranca Ruas que é o dono da gira
Corre a gira que Ogum mandou.

II
Seu Tranca Ruas que nasceu na Rua,
Se criou na rua e na rua morreu
Seu Tranca Ruas,
Seu Tranca Ruas ele é dono da rua.

III
Corre, corre encruzilhada.
Seu Tranca Ruas já chegou
Vem da porteira da calunga sou!

IV
Vem dos campos de Marabô Exu ê
Tranca Ruas esta no reino
Ai meu Deus o que será
Ele vem da sua banda
Pras tronqueiras segurar
Seu Tranca Ruas
Seu Tranca Ruas
Ele é home de fama
Seu Tranca Ruas
Seu Tranca Ruas
Ele vence demanda

V
A estrela vai
O sol clareia
A lua volta e o Exu já esta na aldeia
Ilumina o mundo
Ilumina o mar
Ilumina a terra, onde Exu vai trabalhar
Seu Tranca Ruas chegou
Vem do alto lá da serra
Exu já foi coroado
Com seu conselho de guerra.

VI
Salve o sol
Estrela salve a lua
Saravá seu Tranca Ruas
Que é o dono da gira no meio da rua

VII
Ele é o capitão da encruzilhada ele é
Ele é ordenança de Ogum
Sua divisa quem lhe deu foi Omulu
Sua coroa quem lhe deu foi Oxalá
Exu, Exu Tranca Ruas.
Me abre o terreiro e me fecha rua
Exu, Exu Tranca Ruas.
Me abre o terreiro e me fecha rua

VIII
Tranca Ruas é uma beleza
Nunca vi Exu assim
Ele é madeira que nunca vai dar cupim
  
IX
Soltaram um pombo na mata
Na pedreira não pousou
Foi pousar na encruzilhada
Tranca Ruas quem mandou

X
Seu Tranca na encruza
De joelho a gargalhar
Eu entrego oferenda
Agradeço sua força

XI
Viva as almas
Salve a coroa e a fé
Ele é Exú das Almas
Ele é Exú de fé

XII
O luar, o luar, o luar.
Mas ele é dono da rua
Quem tiver as suas culpas
Peça perdão a Tranca Ruas

XIII
Quanto sangue derramado
Encima daquele chão
Aonde mora Tranca Ruas
Mora lá no meu portão

XIV
Meu Santo Antônio de batalha
Faça de mim batalhador
Mas não me deixe andar sozinho Santo Antônio, Tranca Ruas e Marabô.

XV
Estava dormindo na beira do mar
Quando as almas me chamou
Exú vai trabalhar
Acorda Tranca Ruas vem guerrear
O inimigo está invadindo
A porteira e o curral
Ponha mão nas suas armas vem guerrear
Bota o inimigo para fora,
Para nunca mais voltar

XVI
Já chegou a hora de seu Tranca Ruas
Já chegou a hora do trabalhador
É general, ele é doutor.
Ele vence guerra ele é curador

XVII
Quando passar naquela encruza.
Mas não se esqueça de olhar pra traz
Olha que lá tem morador
Seu Tranca Ruas é quem mora lá

XVIII
Estava dormindo
Curimbando me chamou
Acorda minha gente
Tranca Ruas já chegou

XIX
Em cima daquela mesa
Tem sete facas cruzadas
Ora viva Tranca Ruas
Sem Exu não se faz nada

XX
Naquela encruzilhada tem um Rei
E este Rei se chama Tranca Ruas
Na outra tem outro rei, Marabô e a Rainha Pombogira.

XXI
Era meia noite
Quando Exu chegou
Com sua faca de ponta
Dizendo que é doutor

XXII
Exu dizendo
Dizendo que era doutor
Cemitério é praça linda
Ninguém quer lá passear
Cemitério é casa branca
É casa de Exu morar

XXIII
No dia que Exu se casou
Uma festança ele deu
A carne que tinha no prato
Exu foi quem comeu
Egungum inimigo meu
Quem tem olho mau não olha pra eu

XXIV
Exu matou carneiro
Não quis comer sozinho
Chamou seus camaradas
Dividiu em pedacinhos

XXV
Exu é ferro
Exu é aço
Exu é ferro
E quebra todo embaraço

XXVI
Deu meia noite
Cemitério treme
Catacumba abre
E o defunto geme

XXVII
Eu fui no cemitério
Às onze horas do dia
Exu se levantava
Catacumba tremia

XXVIII
Olha quem esta lá fora
De capa e cartola
E tridente na mão
Será seu Tranca Ruas será

XXIX
Bate ferro mano
Quero ver bater
Se és o ferro
Eu sou o aço
Se és demônio
Eu te embaraço

XXX
Exu Rei das 7 Encruzilhadas / Exu Tranca Ruas
Mas dizem que Exu só bebe e da risada
Mas ele é Exu é o Rei das Sete Encruzilhadas
Seu Tranca queima tuia e não tem mistério
Exu mora na encruza lá do cemitério
A sua gira é forte e não tem caçoada
Depois da hora grande vai girar na encruzilhada

XXXI
Exu da Meia Noite
Exu da Encruzilhada
Exu da Meia Noite
Exu da Encruzilhada
Salve o povo da quimbanda
Sem Exu não se faz nada


MARIAS, PADILHAS, POMBOGIRAS, EXÚ MULHER


O QUE SÃO OS PONTOS DE POMBAGIRA?

São cânticos simples e rimados com temáticas variadas, para as entidades Pombagira o mais comum é encontrar pontos de temas amorosos, mas elas também possuem cânticos relacionados a dinheiro, saúde e proteção. Sempre com rimas simples e tons sensuais, os pontos atraem essa entidade para perto de você e ajudam a convencê-la a trabalhar a seu favor.

Os pontos de Pombagira não possuem muitos autores específicos, são pontos feitos coletivamente e que podem variar de terreiro a terreiro. Eles fazem parte da tradição oral dos cultos e o mais importante deles é a intenção de atrair e louvar as entidades. É comum, por exemplo, vermos pontos que apenas trocam o nome da Pombagira mas entoam as mesmas palavras e ritmo, é natural que isso aconteça e não é plágio ou apropriação. Mas sim, diferentes maneiras de saudar essa entidade.

O mais importante é a intenção com a qual você canta o ponto, e não as pequenas mudanças de um terreiro para o outro.

COMO CANTAR OS PONTOS DE POMBAGIRA?

Alguns pontos são entoados para invocar as pombagiras em geral, outros são específicos para algumas Pombagiras específicas. É importante saber o momento certo de entoar esses cânticos e o Ogã de cada terreiro é a pessoa mais indicada para orientar quanto a isso.

Os pontos de Pombagira normalmente são entoados quando se abre a gira, para dar permissão para que as pombagiras cheguem ao corpo dos médiuns. Se você conhece a sua pombagira, já tem contato com ela e ela já atendeu os seus pedidos de trabalho, pode agradá-la entoando um dos pontos citados abaixo.

PONTOS DE POMBAGIRA

ABERTURA DA GIRA

Esses pontos são muitas vezes cantados para abrir a gira e funcionam como um convite geral a esse tipo de entidade para que elas venham ao encontro do plano físico:

“Abre a roda/ E deixa a Pomba-Gira trabalhar/ Abre a roda/ E deixa a Pomba-Gira trabalhar/ Mas ela tem, ela tem peito de aço/ Ela tem peito de aço/ E o coração de um sabiá”.

“Arreda, homem!/ que aí vem mulher/ Arreda, homem!/ que aí vem mulher/ Ela é a Pomba-Gira/ Rainha do cabaré/ Tranca-Rua vem na frente/ Pra mostrar quem ela é”.

“Dói, dói, dói, dói, dói/ O amor faz sofrer/ Dor de amor faz chorar/ Dói, dói, dói, dói, dói/ O amor faz sofrer/ Dor de amor faz chorar/ Quem é você pra deitar na minha cama? Papagaio come o milho/ Piriquito leva a fama”.

“Você sabe quem sou eu, você sabe quem sou eu?/ Eu giro à meia-noite/Eu giro ao meio-dia/ Eu giro a qualquer hora /Você sabe quem sou eu, você sabe quem sou eu? Eu sou Exú Mulher!”.


PONTOS DE POMBA-GIRA ESPECÍFICOS
PARA CADA ENTIDADE

Como você deve saber, existem diversas entidades específicas da Pombagira. Se você quer homenagear ou reverenciar uma Pombagira em específico, é sempre bom entoar um cântico para ela.


I
Vinha caminhando a pé
Para ver ser encontrava
A Pomba Gira Cigana de fé
Ela parou e leu minha mão
E disse toda verdade
Amigo, você não se engana,
Pois ela é Pomba Gira Cigana.
Bem, que eu te avisei.
Para você não jogar esta cartada comigo
Você apostou na dama
E eu apostei no valete
Amigo você não se engana
Mas ela é a Pomba Gira Cigana

II
Eu ganhei uma barraca velha
Foi a Cigana quem me deu
O que é meu é da Cigana
O que é dela não é meu

III
Arreda homem que ai vem mulher
É ela pombogira Rainha do Cabaré
Tranca Rua vem na frente
para mostrar como ela é
Ela é uma feiticeira Rainha de Cabaré

IV
Abre a porteira Exú
Deixa a mulher passar
Pombogira é 
Rainha do lugar

V
É Pombogira da sandalinha de pau
É Pombogira da sandalinha de pau
De um lado trabalha para o bem
Do outro trabalha para o mau

VI
Quando era pequenina,
Fui barrada na entrada da porta de um cabaré.
Menina volta para casa 
Aqui não entra criança.
Aqui só entra mulher.
Viva aleluia!
Viva aleluia!
Ela deixou de ser criança...
Hoje é dona da rua...

VII
Abre a roda
Deixa a Pombogira passar
Mas ela tem, ela tem peito de aço
Ela tem peito de aço e coração de sabiá



VIII
Da licença, da licença catiço
Pombogira quer passar
A ê a ê Catiço, Catiço de Ganga de Zumbá.

VIX
É uma casa de pombo
É de pombogirá
Auê auê, auê auê
Auê auê, auê auá

X
Quem viu o sol se esconder
Quem viu a lua brilhar
Quem viu o espinho da rosa
Também vai ver Maria Padilha chegar
Se seus olhos são verdes
Sua cor é mulata
Seus cabelos são negros
E a Sandália é de prata
Numa mão tem perfume
Na outra tem uma flor
Na umbanda querida
Maria Padilha é da paz e amor

Para encerrar deixamos aqui cantos de terreiro que trazem nas letras aspectos de mulheres seguras, felizes, autônomas, sensuais, amáveis, trabalhadoras, guerreiras, desafiadoras e donas de si. O empoderamento feminino na figura de Pombagira nas cantigas de terreiro. Laroyê Exu Mulher.

POMBOGIRA FORMOSA

I
Eu caminhava pela alta madrugada
Sob o clarão da lua
Ouvi uma gargalhada
Linda morena, formosa mulher
Me diga quem você é
Tu és dona da rosa
És pombagira de fé
Pode abrir qualquer gira
Pode chegar quem quiser
És pombagira de Umbanda
Só não te conhece
Quem não querer

POMBOGIRA DO CEMITÉRIO

II
Moça Bonita, Moça faceira
É Pombagira, ela é guerreira
Ela trabalha na encruzilhada…
de madrugada, de madrugada
Cemitério é praça linda
Mas ninguém quer passear
Cemitério é praça linda
Mas ninguém quer passear
Lá tem 7 catacumbas
A Padilha mora lá
Lá tem 7 catacumbas
A Padilha mora lá
Mora lá, mora lá
Mora lá, mora lá
Mora lá, mora lá
Maria Padilha mora lá..

POMBOGIRA MENINA

III
Estou sentindo falta de um sorriso
Que falta esta fazendo aquele olhar
São belezas de uma Pombagira
Encantadora que tem nome de menina
Oh, Pombagira você é a mais bela flor…
Trazendo da sua encruzilha a magia que liberta o amor!

POMBOGIRA 7 MARIDOS

IV
Pombagira é mulher de Sete Maridos!
Pombagira é mulher de Sete Maridos,
Mas não mexa com ela!
Pombagira é um perigo!
Ela é Pombagira, a Rainha da Encruzilhada,
Que enfrenta seus inimigos
Com uma forte gargalhada.

POMBOGIRA MOÇA BONITA

V
De vermelho e negro, vestindo
À noite o mistério traz,
De colar de ouro,
Brincos dourados,
A promessa faz…
Se é preciso ir
Você pode ir,
Peça o que quiser…
Mas cuidado amigo,
Ela é bonita, ela é mulher.
E num canto da rua,
Girando, girando, girando está
Ela é moça bonita,
Girando, girando, girando lá
Oi girando laroiê
Oi girando lá!

POMBOGIRA MARIA PADILHA DAS ALMAS

VI
Abre essa cova quero ver tremer
Abre essa cova quero ver balancear
Maria Padilha das almas o cemitério e o seu lugar
E no buraco que a Padilha mora
E no buraco que ela vai gira.
Gira na roda mulata faceira,
gira gira a noite inteira como é lindo o seu bailar
Quando ela chega o povo se levanta, pra saudar quem vem de Ganga
Padilha Exú mulher..
Moça bonita, que comanda a encruzilhada,
solta a sua gargalhada e consegue o que quer
Olha a gira girê….

POMBOGIRA DAS ROAS

VII
Era meia noite Lá na calunga
Pomba Gira apareceu, 
apareceu Iluminada pela lua,
com a sua pele nua
um sorriso ela deu
Mas ela é, ela é, ela é
Pombagira das Rosas misteriosa mulher

POMBOGIRA MULAMBO


VIII
Mas ela é, ela é, ela é Mulambo da encruza
Minha amiga de fé Mulambo soberana da estrada
Rainha da Encruzilhada
Só trabalha pra quem tem fé
Mas ela é, ela é, ela é…Rosa Caveira
Olha quem chegou para trabalhar
Trazendo um feitiço no olhar
Rosa Caveira jeito sensual
Vai cortando com sua risada Todo o mal 
Sua morada é na figueira 
Para vencer o mal chama Rosa Caveira

PONTOS DE SUBIDA - DESPEDIDA

I
Exu bebeu
Exu já curiou
Exu vai embora
Que a encruza lhe chamou

IV
Exu levanta o ponto
Que já chegou a hora
O galo já cantou
Exu já vai embora
A estrela já brilhou
A terra estremeceu
Exu levanta o ponto
A hora já deu

V
O galo já cantou minha cangira
Já é de madrugada
Minha cangira
Exu já vai ao ló
Minha cangira
Calunga com calunga
O Exu vai embora
Adeus ele vai girar

#ACALUZ
Por. Adriano Figueiredo - Zelador e Presidente da ACALUZ
Diego Bragança de Moura - Prof. Historiador da ACALUZ
Fonte: ACALUZ - ASSOCIAÇÃO CULTURAL AXÉ E LUZ
https://umbandaead.blog.br/2018/03/08/pontos-pombagira-empoderamento-feminino/  

sábado, 25 de janeiro de 2020

MALANDROS - FAMILIA DA MALANDRAGEM


Os malandros têm como principal característica de identificação, a malandragem, o amor pela noite, pela música, pelo jogo, pela boemia e uma atração pelas mulheres (principalmente pelas prostitutas, mulheres da noite, etc..). Isso quer dizer que em vários lugares de culturas e características regionais completamente diferentes, sempre haverá um malandro. O malandro de Pernambuco, dança côco, xaxado, passa a noite inteira no forró; no Rio de Janeiro ele vive na Lapa, gosta de samba e passa suas noites na gafieira. Atitudes regionais bem diferentes, mas que marcam exatamente a figura do malandro.

No Rio de Janeiro aproximou-se do arquétipo do antigo malandro da Lapa, contado em histórias, músicas e peças de teatro. Alguns quando se manifestam se vestem a caráter. Terno e gravata brancos. Mas a maioria, gosta mesmo é de roupas leves, camisas de seda, e justificam o gosto lembrando que: “a seda, a navalha não corta”. Navalha esta que levavam no bolso, e quando brigavam, jogavam capoeira (rabos-de-arraia, pernadas), às vezes arrancavam os sapatos e prendiam a navalha entre os dedos do pé, visando atingir o inimigo. Bebem de tudo, da Cachaça ao Whisky, fumam na maioria das vezes cigarros, mas utilizam também o charuto. São cordiais, alegres, dançam a maior parte do tempo quando se apresentam, usam chapéus ao estilo Panamá. 

Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm capacidade espiritual bastante elevada para resolvê-los, podem curar, desamarrar, desmanchar, como podem proteger e abrir caminhos. Têm sempre grandes amigos entre os que os vão visitar em suas sessões ou festas. 

Existem também as manifestações femininas da malandragem, Maria Navalha é um bom exemplo. Manifesta-se como características semelhantes aos malandros, dança, samba, bebe e fuma da mesma maneira. Apesar do aspecto, demonstram sempre muita feminilidade, são vaidosas, gostam de presentes bonitos, de flores principalmente vermelhas e vestem-se sempre muito bem. 

Ainda que tratado muitas vezes como Exu, os Malandros não são Exus. Essa ideia existe porque quando não são homenageados em festas ou sessões particulares, manifestam-se tranquilamente nas sessões de Exu e parecem um deles. Os Malandros são espíritos em evolução, que após um determinado tempo podem (caso o desejem) se tornarem Exus. Mas, desde o início trabalham dentro da linha dos Exus. 

Pode-se notar o apelo popular e a simplicidade das palavras e dos termos com os quais são compostos os pontos e cantigas dessas entidades. Assim é o malandro, simples, amigo, leal, verdadeiro. Se você pensa que pode enganá-lo, ele o desmascara sem a menor cerimônia na frente de todos. Apesar da figura do malandro, do jogador, do arruaceiro, detesta que façam mal ou enganem aos mais fracos. Salve a Malandragem! 

Na Umbanda o malandro vem na linha dos Exus, com sua tradicional vestimenta: Calça Branca, sapato branco (ou branco e vermelho), seu terno branco, sua gravata vermelha, seu chapéu branco com uma fita vermelha ou chapéu de palha e finalmente sua bengala. 
Gosta muito de ser agradado com presentes e festas, ter sua roupa completa, é muito vaidoso, tem duas características marcantes: 
1. Uma é de ser muito brincalhão, gosta muito de dançar, gosta muito da presença de mulheres, gosta de elogiá-las etc... 
2. Outra é ficar mais sério parado num canto assim como sua imagem, gosta de observar o movimento ao seu redor, mas, sem perder suas características. 

Às vezes muda um pouco, pede outra roupa, um terno preto, calças e sapatos também pretos, gravata vermelha e às vezes até cartola. Em alguns terreiros ele usa até uma capa preta. 
E outra característica dele é continuar com a mesma roupa da direita, com um sapato de cor diferente, fuma cigarros, cigarrilhas ou até charutos, bebe batidas, pinga de coquinho, marafo, conhaque e uísque, rabo-de-galo; é sempre muito brincalhão, extrovertido. 

Seu ponto de força é na subida de morros, esquinas, encruzilhadas e até em cemitérios, pois ele trabalha muito com as almas, assim como é de característica na linha dos pretos velhos e exus. Sua imagem costuma ficar na porta de entrada dos terreiros, pois ele também toma conta das portas, das entradas, etc...

São muito conhecidos por sua irreverência. Suas guias podem ser de vários tipos, desde coquinhos com olho de Exu, até vermelho e preto, vermelho e branco ou preto e branco. 

UMA DAS HISTÓRIAS DE ZÉ PILINTRA DAS MILHARES CONTADAS

José dos Anjos, nascido no interior de Pernambuco, era um negro forte e ágil, grande jogador e bebedor, mulherengo e brigão. Manejava uma faca como ninguém, e enfrentá-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de óbito. Os policiais já sabiam do perigo que ele representava. Dificilmente encaravam-no sozinhos, sempre em grupo e mesmo assim não tinham a certeza de não saírem bastante prejudicados das pendengas em que se envolviam. 

Não era mal de coração, muito pelo contrário, era bondoso, principalmente com as mulheres, as tratava como rainhas. 

Sua vida era à noite. Sua alegria, as cartas, os dadinhos a bebida, a farra, as mulheres e por que não, as brigas. Jogava para ganhar, mas não gostava de enganar os incautos, este sempre dispensava, mandava embora, mesmo que precisasse dar uns cascudos neles. Mas ao contrário, aos falsos espertos, os que se achavam mais capazes no manuseio das cartas e dos dados, a estes enganavam o quanto podia e os considerava os verdadeiros otários. Incentivava-os ao jogo, perdendo de propósito quando as apostas ainda eram baixas e os limpando completamente ao final das partidas. Isso bebendo aguardente, cerveja, Vermont, e outros alcoólicos que aparecessem. 

ZÉ PILINTRA NO CATIMBÓ DO CATIMBÓ JUREMA

No Nordeste do país, mas precisamente em Recife (na religião que conhecemos como Catimbó), ainda que nas vestes de um malandrão, a figura de Zé Pelintra, tem uma conotação completamente diferente. Lá, ele é doutor, é curador, é Mestre e é muito respeitado. Em poucas reuniões não aparece seu Zé. 

O reino espiritual chamado “Jurema” é o local sagrado onde vivem os Mestres do Catimbó, religião forte do Nordeste, muito aproximada da Umbanda, mas que mantém suas características bem independentes. Na Jurema, Seu Zé, não tem a menor conotação de Exu, a não ser quando a reunião é de esquerda, por que o Mestre tem essa capacidade. Tanto pode vir na direita ou na esquerda. Quando vem na esquerda, não é que venha para praticar o mal, é justamente o contrário, vem revestido desse tipo de energia para poder cortá-la com mais propriedade e assim ajudar mais facilmente aos que vem lhe rogar ajuda. 
No Catimbó, Seu Zé usa bengala, que pode ser qualquer cajado, fuma cachimbo e bebe cachaça. Dança coco, Baião e Xaxado, sorri para as mulheres, abençoa a todos, que o abraçam e o chamam de padrinho. 

NOMES DE ALGUNS MALANDROS

1. Zé Pilintra
2. Zé Malandro 
3. Zé do Coco 
4. Zé da Luz 
5. Zé de Légua 
6. Zé Moreno 
7. Zé Pereira 
8. Zé Pretinho 
9. Malandrinho 
10. Camisa Listrada
11. Miguel Malandro
12. Sete Navalhadas 
13. Antônio Malandro 
14. João Malandro

NOMES DE ALGUMAS MALANDRAS: 

1. Maria do Cais 
2. Maria Navalha 
3. Rosa Malandra
4. Selma Malandra

O PERFIL DOS MALANDROS:

Falamos até agora sobre os Orixás, quem são eles, sobre algumas de suas características e falamos também sobre os Guias ou Entidades, mas de uma maneira geral. Agora a disposição é falar um pouco mais sobre determinados Guias ou Entidades, e as suas maneiras peculiares de trabalho.

Zé Pelintra é uma das entidades que tem um dos comportamentos mais exóticos e interessantes que já pude presenciar: ZÉ PELINTRA! Antes de começar a discorrer sobre o que se conhece desse malandro incorrigível, mulherengo, birrento, arruaceiro, mas de um coração enorme, é preciso que se entenda que toda entidade, tem uma história, uma cultura, pois foi tão humano quanto nós quando encarnada. 

Após o desencarne e a consequente espiritualização, poderá ocorrer que sua manifestação venha a se dar em outros centros regionais diferentes do que consta em sua biografia humana e assim, quando manifestada, poderá demonstrar outras culturas que não as de sua procedência humana. Isso quer dizer que a mesma entidade poderá manifestar-se diferentemente em lugares diferentes, sem que isso implique em mistificação. Tal fato acontece porque, pela necessidade do ingresso nas falanges espirituais, afim de prestar seu trabalho nesta nova roupagem, os espíritos, agora desencarnados, aproximam-se desta ou daquela falange, por simpatia ou determinação superior, mas guardam características bastante marcantes de suas existências materiais.

Melhor entendendo: Zé Pelintra tem como característica principal, a malandragem, o amor pela noite. Tem uma grande atração pelas mulheres, principalmente pelas prostitutas, mulheres da noite, além de outras características que marcam a figura do malandro. Isso quer dizer que em vários lugares, de culturas e características regionais completamente diferentes, sempre haverá um malandro. O malandro de Pernambuco, dança côco, xaxado, passa a noite inteira no forró; No Rio de Janeiro ele vive na Lapa, gosta de samba e passa suas noites na gafieira. Atitudes regionais bem diferentes, mas que marcam exatamente a figura do malandro. Isso bem explicado, vamos conhecer mais de perto esse grande camarada. Conheçam essa maravilhosa entidade: " SEU ZÉ " José Gomes da Silva, nascido no interior de Pernambuco, era um negro forte e ágil, grande jogador e bebedor, mulherengo e brigão. Manejava uma faca como ninguém, e enfrentá-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de óbito. Os policiais já sabiam do perigo que ele representava. Dificilmente encaravam-no sozinhos, sempre em grupo e mesmo assim não tinham a certeza de não saírem bastante prejudicados das pendengas em que se envolviam. Não era mal de coração, muito pelo contrário, era bom, principalmente com as mulheres, as quais tratava como rainhas. Sua vida era a noite, sua alegria as cartas, os dadinhos a bebida, a farra, as mulheres e por que não, as brigas. Jogava para ganhar, mas não gostava de enganar os incautos, a estes sempre dispensavam, mandava-os embora, mesmo que precisasse dar uns cascudos neles. Mas ao contrário, aos falsos espertos, aos que se achavam mais capazes no manuseio das cartas e dos dados, a estes enganava o quanto podia e os considerava verdadeiros otários. Incentivava-os ao jogo, perdendo de propósito inicialmente, quando as apostas ainda eram baixas e os limpando completamente ao final das partidas. Isso bebendo Aguardente, Cerveja, Vermont, e outros alcoólicos que aparecessem. Esta entidade anda pelo mundo todo, suas manifestações apresentam-se em todos os cantos da terra. A pouco se teve notícia pelos diários, de uma médium que o incorporava nos Estados Unidos. No Rio de Janeiro aproximou-se do arquétipo do antigo malandro da Lapa, contado em histórias, músicas e peças de teatro. Alguns quando se manifestam, vestem-se a caráter. Terno e gravata brancos. Mas a maioria gosta mesmo é de roupas leves, camisas de seda, e justificam o gosto lembrando que a seda, a navalha não corta. Bebem de tudo, da Cachaça ao Whisky, fumam na maioria das vezes cigarros, mas utilizam também o charuto. São cordiais, alegres, dançam a maior parte do tempo quando se apresentam, usam chapéus ao estilo Panamá. Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm capacidade espiritual bastante elevada para resolvê-los, podem curar, desamarrar, desmanchar, como podem proteger e abrir caminhos. Têm sempre grandes amigos entre os que os vão visitar em suas sessões ou festas. Existem também as manifestações femininas da malandragem: Maria Navalha é um bom exemplo. Manifestam-se como características semelhantes aos malandros, dançam, sambam, bebem e fumam da mesma maneira. Apesar do aspecto rude, demonstram sempre muita feminilidade, são vaidosas, gostam de presentes bonitos, de flores, principalmente as rosas vermelhas e vestem-se sempre muito bem. Ainda que tratado muitas vezes como Exu, Zé Pelintra não é Exu. Essa ideia existe porque quando não são homenageados em festas ou sessões particulares, manifestam-se tranquilamente nas sessões de Exu e se parecem com eles. Há um ponto inclusive que lembra muito essa amizade entre Exus e Zé Pelintras. Tranca Ruas e Zé Pelintra São dois grandes companheiros, Tranca Ruas na Encruza, E Zé Pelintra no Terreiro. No Nordeste do Pais, mas precisamente em Recife, ainda que nas vestes de um malandrão, a figura de Zé Pelintra, tem uma conotação completamente diferente. Lá, ele é doutor, é curador. É Mestre e é muito respeitado. Em poucas reuniões não aparece seu Zé. Lá vem Zé, lá vem Zé, Lá vem Zé, lá da Jurema. Lá vem Zé, Lá vem Zé, Lá vem Zé do Juremá. A Jurema aqui cantada, é o local sagrado onde vivem os Mestres do Catimbó, religião forte do Nordeste, muito aproximada da Umbanda, mas que mantém suas características bem independentes. Na Jurema, Seu Zé, não tem a menor conotação de Exu, a não ser quando a reunião é de esquerda, por que o Mestre tem essa capacidade, tanto pode vir na direita quanto na esquerda. Quando vem na esquerda, não é que venha para praticar o mal, é justamente o contrário, vem revestido desse tipo de energia para poder cortá-la com mais propriedade e assim ajudar mais facilmente aos que vem lhe rogar ajuda. No Catimbó, Seu Zé usa bengala, que pode ser qualquer cajado, fuma cachimbo e bebe cachaça. Dança Côco, Baião e Xaxado, sorri para as mulheres, abençoa a todos, que de maneira carinhosa e respeitosa o abraçam, chamando-o de " Meu Padrinho ". Assim é nossa querida Umbanda, seus guias e entidades podem se manifestar em qualquer cultura mantendo sua individualidade. Dão chance dessa maneira, de que qualquer um, em qualquer lugar que esteja, possa ter a oportunidade de conhecê-los e usufruir de seus poderes e força espiritual. 

Alguns pontos demonstram essa ligação de Seu Zé com a malandragem, a noite e as mulheres. Pode-se notar o apelo popular e a simplicidade das palavras e dos termos com os quais são compostos os pontos e cantigas dessa entidade. Assim é ele, simples, amigo, leal, verdadeiro. Se você pensa que pode enganá-lo, ele o desmascara sem a menor cerimônia na frente de todos. Apesar da figura do malandro, do jogador, do arruaceiro, detesta que façam mal ou enganem aos mais fracos. Sempre que estiver no aperto, grite por Seu Zé, ele com certeza estará bem próximo para lhe ajudar. Salve a Malandragem!

PONTOS CANTADOS DE MALANDROS - ZÉ PILINTRA

Cantos
I
De manhãzinha, quando vem descendo o morro 
A nega pensa, que ele vai trabalhar
Ai ele põe seu baralho no bolso 
Cachecol no pescoço 
E vai pra Barão de Mauá
Trabalhar, trabalhar pra que 
Se ele trabalhar ele vai morrer

II
Chorou, todo morro chorou 
Chorou, chorou de dor
Chorou quando a notícia correu 
Que malandro Zé Pilintra morreu

III
O morro de Santa Tereza está de luto 
Porque Zé Pilintra morreu
Ele chorava por uma mulher 
Ele chorava por uma mulher 
Ele chorava por uma mulher que não lhe amava 

IV
As quatro da madrugada 
Ela me acorda 
E eu não quero nada
Mas qualquer dia 
Eu quebro esse seu despertador 
Mas trabalhar eu não vou 

V
Estava sentado no muro 
Fumando um bagulho 
E a polícia chegou 
Jogou o bagulho pro alto 
Saiu no pinote 
E ninguém lhe pegou 
Ouve tiroteio, ouve confusão 
Varou na porta um camburão 

VI
Estava preso no xadrez 
Quando sua sentença 
Era de um ano e seis meses
Rosinha foi lhe visitar 
Levando a muamba 
Pro malandro fuma

VII
Ô Zé quando vem lá da lagoa
Toma cuidado com o balanço da canoa 
Ô Zé, faça tudo o que quiser
Mas não maltrate o coração dessa mulher 

VIII 
Zé Pelintra, Zé Pelintra 
Negro do chapéu virado
Quem mexer com Zé Pelintra 
Tá doido ou tá danado 

IX 
Mulher, mulher
Não tenha medo do seu marido (bis) 
Se ele é bom na faca 
Eu sou no facão
Se ele é bom na reza 
Eu na oração
Se ele diz que sim 
Eu digo que não
Eu sou Zé Pelintra 
Ele é lampião 

X
Jogou seu limão pro alto 
Aparou com canivete
Em rodada de malandro 
Cagoeta não se mete 

XI
Jogou seu limão pro alto 
Aparou com seu punhal 
Em rodada de malandro 
Cagoeta se dá mal

XII
Juraram de me matar 
Na porta de um cabaré (bis) 
Passo de noite 
Passo de dia 
Não matam porque não quer (bis) 

XIII
Foi Zé quem cortou o pau 
Foi Zé quem fez a jangada 
Foi Zé quem matou a moça 
E jogou seu corpo na encruzilhada. 
Embarca morena embarca 
Embarca neste vagão 
Se não for na barca nova 
Na outra eu também não vou. 

XIV 
Malandro não assalta de dia 
Malandro assalta de madrugada (bis) 
Olha que Zé é Zé 
Malandro é malandro 
E Mané é Mané (bis) 

XV
Dizem que a mulher 
Mata o homem lentamente 
É por isso que vivo entre elas 
Pra não morrer de repente 

XVI
Eu tenho pena sua dona 
Eu tenho dó (bis) 
De ver o galo preto 
Demandar com o carijó (bis) 

XVII 
Eu tava sentado na praça 
Oi quando a polícia chegou (bis) 
Eu tenho um sentimento profundo 
Eu fui fichado na polícia como vagabundo (bis) 

XVIII
Morena linda 
Por que me olhas 
Se não me quer 
Não me namora 

ROSA MALANDRA 
Cantos
I
No jardim de aueira 
Ela vem beber 
Garrafão de vinho 
Bebe aqui, bebe aculá (bis) 
Ela é Rosinha beberrona 
E não promete pra faltar (bis) 

II
Ah não mexa com ela não 
Ela é ponta de agulha 
Quem mexer com a Rosinha 
Vai morar na sepultura (bis) 

II
Toda malandra que se preza 
Não tem hora pra chegar 
Faz da rua sua prece 
Da encruza seu altar (bis) 

III
Ela malandra tem relógio
Mas não sabe ver a hora 
É por isso que ela malandra 
Só bebe fora de hora (bis) 

IV
É rosa, é rosa, é rosa 
É rosa que ninguém tem 
Chegou ela Rosa Malandra 
Da porta do cabaré (bis) 

V
Ela é malandra sim 
Foi a maior pistoleira da Bahia 
Ela é malandra 
E não nega a malandragem 
Na malandragem 
Aprendeu a se defender (bis) 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

ROSALINA, COBRA GRANDE DA LAGOA



Dona Rosalina é uma cobra imensa de couro negro, que deve medir de 8 a 10 metros. Mas, da cintura para cima é uma moça morena, de cabelos negros, que tem uma pedra azul encravada na fronte. É uma princesa. 
Mora numa lagoa, próximo a uma cabana, onde ela se encontra com sua filha Rosinha, uma menina muito parecida com ela. É quando sai da lagoa que ela se transforma, ficando, pra cima, uma princesa muito bonita e, pra baixo, uma cobra. Às vezes, fica enrolada em algum tronco na beira da lagoa, em pés de ingá (fruta de beira de campo). Depois sai, se arrastando com muita dificuldade, se metamorfoseia e entra na cabana. Alí conversa com a menina e faz tudo o que uma mãe pode fazer com uma filha. Seu processo de transformação é muito lento e penoso, e se repete todos os anos. Um dia ela explicou a Dona Yolanda por que tinha acontecido aquilo com ela, falou o que tinha acontecido para ela ficar assim. 
Rei Camundá tinha várias filhas. Rosalina era a mais velha. Um dia ela ficou grávida, se envolveu com um homem sem o consentimento do pai. Naquela época, não se sabe em que século foi, era muito complicado quando uma princesa engravidava de uma pessoa que não era da sua linhagem. Ela então escondeu a gravidez, com medo da reação do pai. Quando ele soube que ela estava grávida, ela já estava nos dias de ter a criança. 
Ela teve a criança, aquela meninazinha, que ela encontra na cabana da lagoa. Mas seu pai, que era um rei com muitos poderes mágicos, depois disso transformou todas as suas princesas em feras. Suas outras filhas também, para evitar que acontecesse com elas a mesma coisa, transformou todas em cobras. Todas são de uma só família e foram transformadas em cobra pelo pai. Ele sabia que assim nenhum homem ia se aproximar delas. 
Rosalina se refugiou numa lagoa. Uma vez por ano, tinha permissão para visitar a filha que morava na cabana. Da lagoa, Rosalina via a menina brincar e fazer todas as coisas. Suas irmãs se espalharam pelo mundo, uma foi para a Grécia. Uma delas era muito bonita, a cobra Coral, também chamada Princesa da Pedra Fina. Outra, a Cobrinha Verde, era muito pequena. Tinha também a Princesa Cora, a Jibóia Branca, e outras mais. Uma delas, a Boiúna, é muito revoltada. Elas acharam que seu pai foi muito mau, transformando-as em cobra, pois quando chegam em um lugar não podem ser bem recebidas. Quem quer uma cobra em sua casa? Ninguém. Então a mais revoltada delas, a Cascavel, tornou-se muito violenta, muito agressiva e muito venenosa (o veneno era uma reação ao mal que havia recebido do pai). 
Por causa de sua maldade, o rei Camundá “perdeu a patente” e foi transformado no Preto Velho “Camundá”, que está encantado no mar. Não se sabe quem é o pai de Rosinha, talvez seja algum índio.