segunda-feira, 1 de maio de 2023

CANTOS PARA DOM JOÃO: REI DAS MINAS/REI DE MINA


I

Aê Dom João, para vodunsi Águas Belas

Aê Dom João, para vodunsi Águas Louras.

 

II

Aê Dom João, fala vodunsi em Águas Louras

Aê Dom João, fala vodunsi em Águas Belas.

 

III

Ai de mim, ai de mim Águas Louras

Ai de mim, ai de mim Águas Belas

 

IV

João, João, João dadá cuê lou

Ele é maravelou dadá cuê ê lou.

 

V

Ele é Rei Dom João, ele é o Rei maior

É Rei agacecila, ele é um Rei maior.


VI

Ê lelê Dom João,

Fala Vodun idô Badé

Ele é Rei, Dom João,

Fala Vodun idô Badé

 

VII

Rainha, mulher de Dom João,

Ela é a Fina rainha,

Mulher de Dom João é Fina Jóia.


VIII

Dom João é Rei de Mina Dom João...

Aê Dom João, aê Dom João

Dom João vence demanda Dom João,

Aê Dom João, aê Dom João

 

IX

Palácio de Dom João,

Tem vinte e cinco janelas,

Cada janela um segredo

Cada segredo uma vela.

 

X

Rei Dom João

Tu pisa no ouro

Tu pisa no ouro

Que eu piso no chão

 

XI

Nos caminhos por onde passei,

Na mina de ouro

Dom João encontrei



Imagem meramente ilustrativa

domingo, 30 de abril de 2023

CANTOS PARA DOM JOSÉ REI FLORIANO

                              



I

Dom José, ele é Rei Floriano,

Salve a coroa José,

Vem coroar seus filhos...

Vem pelo mar, pela maresia,

Olha coroa José,

Vem coroar Zezinho.

 

II

Fala vodun naê

Fala vodun naê

Dom José tá na tanqueira

Fala vodun naê

 

III

Céu, Céu, Céu

Oh mina de tororó

Céu, céu, céu

Dom José Vodun maior.

 

Imagem meramente ilustrativa.


sábado, 29 de abril de 2023

CANTOS PARA DOM LUÍS REI DE FRANÇA

 


I

Dom José e Dom Luiz

Na Batalha imperial,

Dom Luiz é Rei de França,

Dom José de Portugal


II

Venceu batalha

Ganhou alianças

Quem tá na guma é Dom Luiz o Rei de França


III

Ele é um Rei, é um Rei soberano

Desceu na guma sou rosa de todo ano.


VI

Dom Luiz olha os teus filhos

Veja que o tempo mudo

Quebra o Joelho em terra

Adorar nosso senhor

Aê bajedô, aê bajedô

Rompeu aleluia vodun raiou.

 

Imagem meramente ilustrativa

sábado, 14 de agosto de 2021

Yansã Rainha dos Ventos e das Tempestades

 


YANSÃ PASSA A DOMINAR O FOGO

Xangô enviou-a em missão na terra dos baribas, a fim de buscar um preparado que, uma vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Oiá, desobedecendo às instruções do esposo, experimentou esse preparado, tornando-se também capaz de cuspir fogo, para grande desgosto de Xangô, que desejava guardar só para si esse terrível poder.

Como os chifres de búfalo vieram a ser utilizados no ritual do culto de Oyà-Iansã?

Ogum foi caçar na floresta. Colocando-se à espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para matá-lo quando o animal, parando subitamente, retirou a sua pele. Uma linda mulher apareceu diante de seus olhos, era Iansã. Ela escondeu a pele num formigueiro e dirigiu-se ao mercado da cidade vizinha. Ogum apossou-se do despojo, escondendo-o no fundo de um depósito de milho, ao lado de sua casa, indo, em seguida, ao mercado fazer a corte à mulher-búfalo. Ele chegou a pedi-la em casamento, mas Oiá recusou inicialmente. Entretanto, ela acabou aceitando, quando de volta a floresta, não mais achou a sua pele. Oiá recomendou ao caçador a não contar a ninguém que, na realidade, ela era um animal. Viveram bem durante alguns anos. Ela teve nove crianças, o que provocou o ciúme das outras esposas de Ogum. Estas, porém, conseguiram descobrir o segredo da aparição da nova a mulher. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: 'Máa je, máa mu, àwo re nbe nínú àká', 'Você pode beber e comer (e exibir sua beleza), mas a sua pele está no depósito (você é um animal).

Oiá compreendeu a alusão; encontrando a sua pele, vestiu-a e, voltando à forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas. Em seguida, deixou os seus chifres com os filhos, dizendo: 'Em caso de necessidade, batam um contra o outro, e eu virei imediatamente em vosso socorro.' É por essa razão que chifres de búfalo são sempre colocados nos locais consagrados a Iansã.

AS CONQUISTAS DE YANSÃ

Iansã percorreu vários reinos, foi paixão de Ogum, Oxaguian, Exu, Oxossi e Logun-Edé. Em Ifé, terra de Ogum, foi a grande paixão do guerreiro. Aprendeu com ele e ganhou o direito do manuseio da espada. Em Oxogbô, terra de Oxaguian, aprendeu e recebeu o direito de usar o escudo. Deparou-se com Exu nas estradas, com ele se relacionou e aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Oxossi, seduziu o deus da caça, aprendendo a caçar, tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal (com a ajuda da magia aprendida com Exu). Seduziu o jovem Logun-Edé e com ele aprendeu a pescar. Iansã partiu, então, para o reino de Obaluaiê, pois queria descobrir seus mistérios e até mesmo conhecer seu rosto, mas nada conseguiu pela sedução. Porém, Obaluaiê resolveu ensinar-lhe a tratar dos mortos. De início, Iansã relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte e aprendeu a conviver com os Eguns e controlá-los. Partiu, então, para Oyó, reino de Xangô, e lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis, e aprenderia a viver ricamente. Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Iansã aprendeu muito mais, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela o seu coração.

YANSÃ GANHA DE OBALUAIÊ O PODER SOBRE OS MORTOS

Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Obaluaiê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás. Obaluaiê não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia do Orixá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos. Apesar de envergonhado, Obaluaiê entrou, mas ninguém se aproximava dele, nenhuma mulher quis dançar com ele.

Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Obaluaiê e dele se compadecia. Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão. O xirê (festa, dança, brincadeira) estava animado. Os orixás dançavam alegremente com suas ekedes. Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de palha com seu vento. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaiê pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Obaluaiê, o deus das doenças, transformara-se num jovem belo e encantador.

O povo o aclamou por sua beleza. Obaluaiê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato. E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Iansã então dançou e dançou de alegria. Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava agora, agitava no ar o eruexim (o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo). Iansã tornou-se Iansã de Balé, a rainha dos espíritos dos mortos, a condutora dos eguns, rainha que foi sempre a grande paixão de Obaluaiê.

IANSÃ - ORIXÁ DOS VENTOS E DA TEMPESTADE !!!

Oxaguiam (Oxalá novo e guerreiro) estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ogum fazia as armas, mas fazia lentamente.  Oxaguiam pediu a seu amigo Ogum urgência, Mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Oxaguiam que Oiá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ogum a apressar a fabricação. Oiá se pôs a soprar o fogo da forja de Ogum e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado derretia o ferro mais rapidamente. Logo Ogum pode fazer muitas armas e com as armas Oxaguiam venceu a guerra. Oxaguiam veio então agradecer Ogum. E na casa de Ogum enamorou-se de Oiá. Um dia fugiram Oxaguiam e Oiá, deixando Ogum enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Oxaguiam voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oiá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Oxaguiam, onde vivia, Oiá soprava em direção à forja de Ogum. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Oxaguiam da de Ogum. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor. E o povo se acostumou com o sopro de Oiá cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oiá a forja de Ogum. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias. O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oiá e o povo chamava a isso tempestade.

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ

Historiador: Diego Bragança de Moura 

Imagem ilustrativa: www.orixas.blogspot.com.br

#ACALUZ



terça-feira, 20 de abril de 2021

Por que os pontos cantados são tão importantes para um terreiro de Umbanda?

O ponto cantado é uma prece, uma oração. Através deles, salvamos uma, ou várias Forças; pedimos ajuda para aflições, demandas, cargas negativas etc. Sendo assim, os pontos devem ser entoados não apenas com a boca, mas com o coração. É preciso que um filho de Fé sinta o que está cantando, interiorize o seu cantar. Para saber cantar um ponto não é preciso o “dom do cantar”, é preciso apenas saber sentir.

São os pontos cantados o caminho vibratório por onde uma gira vai encaminhar-se. Se estes forem cantados com o coração, certamente esta gira tornar-se-á tranquila, proveitosa e organizada, porque despertarão: a Fé, a Harmonia, a Paz etc. Assim como acontece cada vez que vamos fazer as nossas preces, de forma tranquila, sem palmas, sem tambores, sem gritos, sem pulos, sem nada, apenas a nossa voz e Deus. Certos Filhos de Fé, inclusive, gostam de cantar pontos quando vão fazer suas preces, suas orações, e isso o fazem tranquilamente, em Paz. Saibam vocês, que quando um ponto é cantado aos gritos, a plenos pulmões, ele fere a sensibilidade astral de quem tem e até mesmo de quem não tem.

Outro aspecto a se observar são as letras desses pontos, pois as mesmas devem estar repletas de imagens positivas que elevem o tônus vibracional de todos, facilitando inclusive a atuação das entidades espirituais. Por esta razão, os pontos de Raiz são tão importantes, primeiramente porque são pontos dados pelas Entidades espirituais e, por isso mesmo não se limita apenas a atuar em certas pessoas através do reflexo condicionado, ele penetra profundamente na alma de todos que têm sensibilidade para tal. É importante ter em conta que a música é uma combinação harmoniosa de sons e que, tem cor, atrai ou dissipa certas energias, portanto, além dos aspectos místicos, o ponto cantado movimenta forças, movimenta a magia de Umbanda. Saibam os Filhos de Fé que o som do atabaque, por ser destituído da qualidade chamada altura, produz ruídos e não sons musicais (é monocórdio). Além disso, por prestar-se mais a ritmos sob o compasso binário (o mesmo usado para as marchas militares, etc.), sua percussão retumba principalmente sobre nossas vísceras, ativando assim, num ambiente mediúnico, o atavismo, o animismo, o fetichismo.

Como a maioria dos brasileiros gosta de um bom pagode ao ritmo dos tantãs e atabaques, um simples bater dos instrumentos já começa a gingar. Porém, não podemos esquecer que isto é festa, é lazer, é divertimento profano e não culto religioso ou de aperfeiçoamento espiritual, até porque, os guias e protetores não são pagodeiros e o som produzido pelos referidos pagodes nada têm a ver com a faixa vibratória deles. Dessa forma, haveremos de concordar, movidos apenas pela lógica pura e simples, que gostar de um "bom batuque" é lícito, é justo, mas daí a querer levá-lo aos nossos terreiros vai uma distância enorme.

Afirmam alguns inclusive que: “Com o som dos atabaques todos dançam, todos giram, todos gingam, todos pulam, todos gritam, mas incorporação que é bom, nada”!

Para quem interessar possa, deixo aqui algumas características sobre o ritmo e a frequência dos pontos cantados:

Vibração Espiritual de Oxalá – os sons são místicos, predispondo à paz e às coisas do Espírito.

Vibração Espiritual de Ogum – os sons são vibrantes.

Vibração Espiritual de Oxossi – os sons são imitações da harmonia da natureza.

Vibração Espiritual de Xangô – os sons são graves, isto é, são cantados "baixo".

Vibração Espiritual de Yorimá – os sons são dolentes, melancólicos.

Vibração Espiritual de Yori – os sons são alegres, predispondo ao bom ânimo.

Vibração Espiritual de Yemanjá – os sons são suaves, predispondo à renovação afetiva emocional.

Finalizo o texto apenas reforçando o ensinamento dos guias e protetores da Sagrada Corrente Astral de Umbanda, quando afirmam que o ponto cantado possui uma função ímpar dentro do ritual de Umbanda, devendo ser-lhe dada a devida atenção, pois estão sendo movimentadas forças das quais poucos conhecem a existência.

Paz e Luz!

Texto: Tânia Lacerda.

Adaptação e Correção: Adriano Figueiredo Leite.

Historiador: Diego Bragança de Moura