sábado, 19 de setembro de 2009

Umbanda Pretos Velhos


Pai Antônio foi o primeiro preto-velho a se manifestar na Religião de Umbanda em seu médium Zélio Fernandino de Morais onde se esta­be­leceu a Tenda Nossa Senhora da Piedade. Assim, ele abriu esta "linha" para nossa religião, introduzindo o uso do cachimbo, guias e o culto aos Orixás.

O "Preto-velho" está ligado à cultura religiosa Afro Brasileira em geral e à Umbanda de forma específica, pois dentro da Religião Umbandista este termo identifica um dos elementos for­madores de sua liturgia, representa uma "linha de trabalho", uma "falange de espíritos", todo um grupo de mentores espirituais que se apresentam como negros anciões, ex-escravos, conhecedores dos Orixás Africanos.
São trabalhadores da espiritualidade, com características próprias e coletivas, que valorizam o grupo em detrimento do ego pessoal, ou seja, são simplesmente pretos e pretas velhas com Pai João e Vó Maria, por exemplo.
Milhares de Pais João e de Avós Maria, o que mostra um trabalho desper­sonalizado do elemento individual valorizando o elemento coletivo identificado pelo termo genérico "preto-velho". Muitos até dizem "nem tão preto e nem tão velho" ainda assim "preto velho fulano de tal". A falta de informação é a mãe do preconceito, e, no caso do "preto-velho", muitos que são leigos da cultura religiosa Umbandista ou de origem africana desconhecem valor do "preto-velho" dentro das mesmas.
Preto é Cor e Negro é Raça, logo o ter­mo "preto-velho" torna-se característico e com sentido apenas dentro de um contexto, já que fora de tal contexto o termo de uso amplo e irrestrito seria "Negro Velho", "Negro Ancião" ou ainda "Negro de idade avançada" para identificar o homem da raça negra que encontra-se já na "terceira idade" (a melhor idade). Por conta disso alguns sentem-se desconfortáveis em utilizar um termo que à primeira vista pode parecer desrespeitoso ao citar um amável senhor negro, já com suas madeixas brancas, cachimbo e sorriso fácil, por trás do olhar de homem sofrido, que na humildade da subjugação forçada e escrava encontrou a liberdade do espírito sobre a alma, através da sabedoria vinda da Mãe África, na figura de nossos Orixás, vindo ao encontro da imagem e resignação de nosso senhor Jesus Cristo.
Alguns preferem chamá-los apenas de "Pais Velhos" o que é bonito ao ressaltar a paternidade, mas ao mesmo tempo oculta a raça que no caso é motivo de orgulho. São eles que souberam passar por uma vida de escravidão com honra e nobreza de caráter, mais um motivo de orgulho em se auto-afirmar "nêgo véio" e ex-escravo; talvez assim se mantenham para que nunca nos esqueçamos que em qualquer situação temos ainda oportunidade de evoluir. Quanto mais adversa maior a oportunidade de dar o testemunho de nossa fé.
O "preto-velho" é um ícone da Umbanda, resumindo em si boa parte da filosofia umbandista. Assim, os espíritos desencarnados de ex-escravos se identificam e muitos outros que não foram escravos, nesta condição, assim se apresentam também em homenagem a eles, por tê-los como Mestres no astral.
No imaginário popular, por falta de informação ou por má fé de alguns formadores de opinião, a imagem do "preto-velho" pode estar associada por alguns a uma visão preconceituosa, há ainda os que se assustam " com estas coisas" pois não sabem que a Umbanda é uma religião e como tal tem a única proposta de nos religar a Deus, manifestando o espírito para a caridade e desenvolvendo o sentimento de amor ao próximo. Não existe uma Umbanda "boa" e uma Umbanda "ruim", existe sim única e exclusivamente uma única Umbanda que faz o bem, caso contrário não é Umbanda e assim é com os "Preto-velhos", todos fazem o bem sem olhar a quem, caso con­trário não é de fato um "preto-velho", pode ser alguém disfarçado de "velho-negro", o "preto velho" trabalha única e exclusivamente para a caridade espiritual.
São espíritos que se apresentam des­ta forma e que sabem que em essência não temos raça nem cor, a cada encarnação, temos uma experiência diferente. Os pretos velhos trazem consigo o "mistério ancião", pois não basta ter a forma de um velho, antes, precisam ser espíritos amadurecidos e reconhecidos como irmãos mais velhos na senda evolutiva.
Quanto menos valor se dá a forma, mais valor se dá à mensagem, e "preto-velho" fala devagar, bem baixinho; quando assim se pronuncia, todos se aquietam para ouví-lo, parece-nos ouvir na língua Yorubá a palavra "Atotô", saudação a Obaluayê que quer dizer exatamente isso: "silêncio".
Nas culturas antigas o "velho" era sempre respeitado e ouvido como fonte viva do conhecimento ancestral. Hoje ainda vemos este costume nas culturas indígenas e ciganas. Algumas tradições religiosas man­têm esta postura frente o sacerdote mais velho, trata-se de uma herança cultural religiosa tão antiga quanto nossa memória ou nossa história pode ir buscar, tão antigos também são alguns dos pretos velhos que se manifestam na Umbanda.
Muitos já estão fora do ciclo reencarnacionista, estão libertos do karma, já desvendaram o manto da ilusão da carne que nos cobre com paixões e apegos que inexoravelmente ficarão para trás no caminho evolutivo.
Por tudo isso e muito mais, no dia 13 de Maio, dia da libertação dos es­cravos eu os saúdo: "Salve os Pretos Velhos! Salve as Pretas Velhas! Adorei as Almas! Salve nosso Amado Pai Obaluayê, Atotô meu Pai! Salve nossa Amada Mãe Nanã Buroquê, Saluba Nana!"
Usamos para eles velas brancas ou bicolores, metade preta e metade branca, tomam café e fumam cachimbo.

Fonte: Jornal de Umbanda Sagrada, impresso, do mês de maio de 2006.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Festejo do Caboclo Zé Malandro


Hoje 24 de agosto a ACALUZ festeja por mais um ano o Aniversário de Luz do Caboclo Zé Malandro, este com todo seu charme e encantamento trás paz e prosperidade para todos aqueles que acreditam no poder do espírito na face da terra. Contará com presença marcante da Zeladora de Santo Maria Auxiliadora do Terreiro de Mariana e Zé Pelintra da Ilha de Marajó em Cachoeira do Ararí. Será na residencia da genitora do Sr. Adriano Figueiredo, Presidente da ACALUZ em Belém, na Rod. Arthur Bernardes, Rua Paulo Guilherme nº 06 Tapanã. Local este que a partir de hoje está sendo aberto ao público para visitas, consultas, passes e jogos nos dias de sexta e sábado. Participem e venham refletir sobre a luz divina. começa a partir das 20h00.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Festejo do Caboclo Manezinho


A ACALUZ - Associação Cultural Axé e Luz, tem a honra em convidar Vossa Senhoria e familia para participarem do tambor de mina em homenagem ao Caboclo Manezinho, será no vindouro dia 18 de julho de 2009 no Terreiro da Zeladora de Santo Maria Vales, em Cachoeira do Ararí, na Ilha de Marajó, na Rua Nova, Bairro do Aeroporto, terá inicio as 20h00, venha participar e receber axé e luz dos boiadeiros do Codó do Maranhão.

sábado, 4 de julho de 2009

Légua Bogi Buá uma pequena história de muita sabedoria


Em Codó, onde se diz que o caboclo “Brada” mais alto, afirma-se que aquela categoria de encantado é comandada por Légua Buji Buá, que se intitula filho de Pedro Angaço e Rainha Rosa. Santa Bárbara tem sido proclamada protetora dos terreiros de Mina do Maranhão. Ela valoriza estes caboclos boiadeiros, comparando-os.
Seu Légua vem de uma região do Maranhão chamada Codó, município situado no cerrado maranhense e na bacia do rio Itaperucu. É uma localidade reconhecida por seus terreiros, por ser uma região quilombola ligado ao terecô, ao tambor da mata, relacionada mais com os caboclos e a prática da magia negra.
Entre os encantados mais importantes está ele, Légua Bogi Buá.
Codó, também conhecida como capital da magia negra. Falar desta entidade, de sua família e dos seus dois lados (“banda branca” e banda “preta” – bem/mal) como sempre é dito pelo caboclo Lauro Bogi Buá (da família de “Légua”) que e falar a seguinte frase:
“Eu sou Lauro Bogi Buá, uma banda branca e outra preta, metade de Deus e metade do diabo”. Há diversos mitos de como e quando Légua Bogi chegou a essa região, tanto quanto em relação a sua família e seu comportamento dentro dos terreiros.
(...) Na casa de Jorge, Légua Bogi é jovem, brincalhão meio rude e desbocado, tem numerosos amigos, gosta muito de bebida alcoólica e da brincadeira de Bumba-Boi. Em Codó, no salão de dona Antoninha, ouvimos falar dele como o encantado mais velho do mundo, como filho desobediente (Maria dos Santos) e como um preto velho angolano (dona Antoninha) (...) Em Viana (Maranhão), Légua Bogi é visto pelos médiuns (que tem vidência) como um preto-velho que usa chapéu, parecido com o falecido artista nordestino Luiz Gonzaga. Algumas pessoas o vêem caminhando na cidade; outras, andando sobre as águas do mar, sem afundar. Mas, conforme o curador e “mineiro” Rogério, Légua também aparece a eles como um boi preto, com uma estrela brilhante na testa, que ameaça “parti pra cima” do médium que não cumprir suas obrigações para com ele. Légua Bogi é um dos encantados mais antigos de Codó, mas a família de Légua entrou ali quando já havia acabado a euforia do algodão, e ele veio como um dos “filhos do gado”, daí porque aparece com chapéu de couro e rebenque. Segundo o mesmo informante, em São Luís, eles “aportaram” no início do século XX como uma família já constituída e foram trazidos por Maximiana e por migrantes do Mearim e Codó.
Quando o caboclo Légua Bogi está incorporado sempre se refere ao lugar de onde veio: Codó. A ligação com essa região é relacionada no momento do transe, onde a entidade faz uma ponte entre o Estado que se encontra no momento do transe e Codó (MA).

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ.
Pesquisa Histórica - Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ.

A gira de Boiadeiros.

Uma das giras mais antigas dentro da Umbanda é a dos nossos queridos Boiadeiros.Uma manifestação de espiritos daqueles que foram muito acostumados a terra de chão e tocavam o gado pelas estradas do interior de nosso Pais, em condições muito difíceis mas que nunca abalou a adoração desse povo pela lida no campo.
Os Boiadeiros, de um modo geral, utilizam chapéus de vaqueiros, laços de corda e chicotes de couro, são ágeis e costumam chegar aos terreiros com sua mão direita levantada, girando, como se estivesse laçando, esbravejando a inconfundível toada "êeeee boi" como se ainda estivessem tocando seu rebanho.

O que mais agrada um Boiadeiro é uma boa comida da roça, bebidas simples, mas sem dispensar as iguarias do povo mais moderno, afinal, já passaram necessidades suficientes para não precisar mais se privarem de uma boa cervejinha se assim forem ofertados.
A magia de sua gira é inconfundível, as histórias que trazem na bagagem são tão fascinantes como importantes no exemplo que nos exprimem.Um Boiadeiro traz consigo as lições de um tempo onde o respeito aos mais velhos e a natureza, a família e aos animais, enfim, a boa educação e bons costumes falavam mais alto e faziam muito mais diferença do que nos dias de hoje.
Marranbá che tuá Boiadeiros, é uma das saudações para este povo, ou Chetu, marrumbá Che, ou ainda simplesmente Sarava meu Pai Boiadeiro.