sábado, 14 de agosto de 2021

Yansã Rainha dos Ventos e das Tempestades

 


YANSÃ PASSA A DOMINAR O FOGO

Xangô enviou-a em missão na terra dos baribas, a fim de buscar um preparado que, uma vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Oiá, desobedecendo às instruções do esposo, experimentou esse preparado, tornando-se também capaz de cuspir fogo, para grande desgosto de Xangô, que desejava guardar só para si esse terrível poder.

Como os chifres de búfalo vieram a ser utilizados no ritual do culto de Oyà-Iansã?

Ogum foi caçar na floresta. Colocando-se à espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para matá-lo quando o animal, parando subitamente, retirou a sua pele. Uma linda mulher apareceu diante de seus olhos, era Iansã. Ela escondeu a pele num formigueiro e dirigiu-se ao mercado da cidade vizinha. Ogum apossou-se do despojo, escondendo-o no fundo de um depósito de milho, ao lado de sua casa, indo, em seguida, ao mercado fazer a corte à mulher-búfalo. Ele chegou a pedi-la em casamento, mas Oiá recusou inicialmente. Entretanto, ela acabou aceitando, quando de volta a floresta, não mais achou a sua pele. Oiá recomendou ao caçador a não contar a ninguém que, na realidade, ela era um animal. Viveram bem durante alguns anos. Ela teve nove crianças, o que provocou o ciúme das outras esposas de Ogum. Estas, porém, conseguiram descobrir o segredo da aparição da nova a mulher. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: 'Máa je, máa mu, àwo re nbe nínú àká', 'Você pode beber e comer (e exibir sua beleza), mas a sua pele está no depósito (você é um animal).

Oiá compreendeu a alusão; encontrando a sua pele, vestiu-a e, voltando à forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas. Em seguida, deixou os seus chifres com os filhos, dizendo: 'Em caso de necessidade, batam um contra o outro, e eu virei imediatamente em vosso socorro.' É por essa razão que chifres de búfalo são sempre colocados nos locais consagrados a Iansã.

AS CONQUISTAS DE YANSÃ

Iansã percorreu vários reinos, foi paixão de Ogum, Oxaguian, Exu, Oxossi e Logun-Edé. Em Ifé, terra de Ogum, foi a grande paixão do guerreiro. Aprendeu com ele e ganhou o direito do manuseio da espada. Em Oxogbô, terra de Oxaguian, aprendeu e recebeu o direito de usar o escudo. Deparou-se com Exu nas estradas, com ele se relacionou e aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Oxossi, seduziu o deus da caça, aprendendo a caçar, tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal (com a ajuda da magia aprendida com Exu). Seduziu o jovem Logun-Edé e com ele aprendeu a pescar. Iansã partiu, então, para o reino de Obaluaiê, pois queria descobrir seus mistérios e até mesmo conhecer seu rosto, mas nada conseguiu pela sedução. Porém, Obaluaiê resolveu ensinar-lhe a tratar dos mortos. De início, Iansã relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte e aprendeu a conviver com os Eguns e controlá-los. Partiu, então, para Oyó, reino de Xangô, e lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis, e aprenderia a viver ricamente. Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Iansã aprendeu muito mais, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela o seu coração.

YANSÃ GANHA DE OBALUAIÊ O PODER SOBRE OS MORTOS

Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Obaluaiê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás. Obaluaiê não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia do Orixá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos. Apesar de envergonhado, Obaluaiê entrou, mas ninguém se aproximava dele, nenhuma mulher quis dançar com ele.

Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Obaluaiê e dele se compadecia. Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão. O xirê (festa, dança, brincadeira) estava animado. Os orixás dançavam alegremente com suas ekedes. Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de palha com seu vento. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaiê pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Obaluaiê, o deus das doenças, transformara-se num jovem belo e encantador.

O povo o aclamou por sua beleza. Obaluaiê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato. E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Iansã então dançou e dançou de alegria. Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava agora, agitava no ar o eruexim (o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo). Iansã tornou-se Iansã de Balé, a rainha dos espíritos dos mortos, a condutora dos eguns, rainha que foi sempre a grande paixão de Obaluaiê.

IANSÃ - ORIXÁ DOS VENTOS E DA TEMPESTADE !!!

Oxaguiam (Oxalá novo e guerreiro) estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ogum fazia as armas, mas fazia lentamente.  Oxaguiam pediu a seu amigo Ogum urgência, Mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Oxaguiam que Oiá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ogum a apressar a fabricação. Oiá se pôs a soprar o fogo da forja de Ogum e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado derretia o ferro mais rapidamente. Logo Ogum pode fazer muitas armas e com as armas Oxaguiam venceu a guerra. Oxaguiam veio então agradecer Ogum. E na casa de Ogum enamorou-se de Oiá. Um dia fugiram Oxaguiam e Oiá, deixando Ogum enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Oxaguiam voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oiá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Oxaguiam, onde vivia, Oiá soprava em direção à forja de Ogum. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Oxaguiam da de Ogum. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor. E o povo se acostumou com o sopro de Oiá cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oiá a forja de Ogum. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias. O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oiá e o povo chamava a isso tempestade.

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ

Historiador: Diego Bragança de Moura 

Imagem ilustrativa: www.orixas.blogspot.com.br

#ACALUZ



terça-feira, 20 de abril de 2021

Por que os pontos cantados são tão importantes para um terreiro de Umbanda?

O ponto cantado é uma prece, uma oração. Através deles, salvamos uma, ou várias Forças; pedimos ajuda para aflições, demandas, cargas negativas etc. Sendo assim, os pontos devem ser entoados não apenas com a boca, mas com o coração. É preciso que um filho de Fé sinta o que está cantando, interiorize o seu cantar. Para saber cantar um ponto não é preciso o “dom do cantar”, é preciso apenas saber sentir.

São os pontos cantados o caminho vibratório por onde uma gira vai encaminhar-se. Se estes forem cantados com o coração, certamente esta gira tornar-se-á tranquila, proveitosa e organizada, porque despertarão: a Fé, a Harmonia, a Paz etc. Assim como acontece cada vez que vamos fazer as nossas preces, de forma tranquila, sem palmas, sem tambores, sem gritos, sem pulos, sem nada, apenas a nossa voz e Deus. Certos Filhos de Fé, inclusive, gostam de cantar pontos quando vão fazer suas preces, suas orações, e isso o fazem tranquilamente, em Paz. Saibam vocês, que quando um ponto é cantado aos gritos, a plenos pulmões, ele fere a sensibilidade astral de quem tem e até mesmo de quem não tem.

Outro aspecto a se observar são as letras desses pontos, pois as mesmas devem estar repletas de imagens positivas que elevem o tônus vibracional de todos, facilitando inclusive a atuação das entidades espirituais. Por esta razão, os pontos de Raiz são tão importantes, primeiramente porque são pontos dados pelas Entidades espirituais e, por isso mesmo não se limita apenas a atuar em certas pessoas através do reflexo condicionado, ele penetra profundamente na alma de todos que têm sensibilidade para tal. É importante ter em conta que a música é uma combinação harmoniosa de sons e que, tem cor, atrai ou dissipa certas energias, portanto, além dos aspectos místicos, o ponto cantado movimenta forças, movimenta a magia de Umbanda. Saibam os Filhos de Fé que o som do atabaque, por ser destituído da qualidade chamada altura, produz ruídos e não sons musicais (é monocórdio). Além disso, por prestar-se mais a ritmos sob o compasso binário (o mesmo usado para as marchas militares, etc.), sua percussão retumba principalmente sobre nossas vísceras, ativando assim, num ambiente mediúnico, o atavismo, o animismo, o fetichismo.

Como a maioria dos brasileiros gosta de um bom pagode ao ritmo dos tantãs e atabaques, um simples bater dos instrumentos já começa a gingar. Porém, não podemos esquecer que isto é festa, é lazer, é divertimento profano e não culto religioso ou de aperfeiçoamento espiritual, até porque, os guias e protetores não são pagodeiros e o som produzido pelos referidos pagodes nada têm a ver com a faixa vibratória deles. Dessa forma, haveremos de concordar, movidos apenas pela lógica pura e simples, que gostar de um "bom batuque" é lícito, é justo, mas daí a querer levá-lo aos nossos terreiros vai uma distância enorme.

Afirmam alguns inclusive que: “Com o som dos atabaques todos dançam, todos giram, todos gingam, todos pulam, todos gritam, mas incorporação que é bom, nada”!

Para quem interessar possa, deixo aqui algumas características sobre o ritmo e a frequência dos pontos cantados:

Vibração Espiritual de Oxalá – os sons são místicos, predispondo à paz e às coisas do Espírito.

Vibração Espiritual de Ogum – os sons são vibrantes.

Vibração Espiritual de Oxossi – os sons são imitações da harmonia da natureza.

Vibração Espiritual de Xangô – os sons são graves, isto é, são cantados "baixo".

Vibração Espiritual de Yorimá – os sons são dolentes, melancólicos.

Vibração Espiritual de Yori – os sons são alegres, predispondo ao bom ânimo.

Vibração Espiritual de Yemanjá – os sons são suaves, predispondo à renovação afetiva emocional.

Finalizo o texto apenas reforçando o ensinamento dos guias e protetores da Sagrada Corrente Astral de Umbanda, quando afirmam que o ponto cantado possui uma função ímpar dentro do ritual de Umbanda, devendo ser-lhe dada a devida atenção, pois estão sendo movimentadas forças das quais poucos conhecem a existência.

Paz e Luz!

Texto: Tânia Lacerda.

Adaptação e Correção: Adriano Figueiredo Leite.

Historiador: Diego Bragança de Moura

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Mãe D'água no Tambor de Mina

Nos salões de curadores e em alguns terreiros de Mina da capital maranhense, onde são realizados também rituais de Cura (pajelança), o termo mãe d´água designa freqüentemente o conjunto de entidades espirituais caboclas recebidas por um pajé ou curador, classificadas como linha de água doce. Designa também entidades femininas metade peixe e metade mulher, encantadas em poços e rios, como as que aparecem nas narrativas selecionadas para esse livro. A Mãe d´Água é representada iconograficamente de forma semelhante a Iemanjá, orixá das águas salgadas, representada nos terreiros de Umbanda e cultos afro-brasileiros como uma sereia do mar.

Acredita-se que a Mãe d´Água (sereia de água doce) exerce um magnetismo sobre as “crianças inocentes”, de até 7 anos, principalmente sobre as que não foram batizadas, pois ela é pagã. Deste modo, no interior ou na área rural, quando uma criança pequena desaparece, suspeita-se logo da Mãe d´Água. E, na cidade, quando uma criança que ainda não foi batizada tem pesadelo ou convulsão, aparece sempre alguém afirmando que isso é coisa de Mãe d´Água e procurando batizá-la de emergência, com a água do banho.

Existe na Mina, na encantaria de água salgada, uma versão masculina da Mãe d´Água sereia, o Dom Miguel, Rei da Gama, entidade espiritual encantada em um peixe - espadarte ou tubarão. Dom Miguel, que alí é conhecido como metade homem e metade peixe, é também apresentado como filho de Xangô, e sincretizado com São Miguel Arcanjo, daí porque sua festa é realizada no Terreiro de Jorge Itaci no dia 29 de setembro. Sua relação com São Miguel é afirmada na letra de algumas de suas “doutrinas”:

“Oi da baia, da baia do Pará,
da cintura prá baixo ele é um peixe,
da cintura prá cima ele é Miguel”
“Lá no mar ele é um peixe
e na terra ele é Miguel,
ele é o protetor das almas,
da balança do fiel”

Existe também na Mina maranhense uma entidade espiritual a cuja ação se atribui o desaparecimento de muitas pessoas que moram perto do mato (da floresta), o Surrupira. Essa entidade, que para alguns é o Curupira da mitologia tupi, pode também fazer as pessoas perderem a direção nos caminhos e se embrenharem em mata de espinho. Os Surrupiras têm grande atração por espinhos, pois moram nos tucunzeiros, palmeira cujas folhas são cheias deles. Fala-se também em terreiros de paraenses que, ao contrário da Mãe d´Água, os Surrupiras não gostam de água e, quando incorporados, se afastam quando alguém joga água nos pés do médium. A relação dos Surrupiras com o espinho aparece claramente na letra de várias de suas “doutrinas”:

“Minha coroa de espinho,
q´eu ganhei no espinheiro
Meu pai é Mata Zombana,
Surrupira verdadeiro”
(FERREIRA, E., 1985, p.55).

Por Adriano Figueiredo - Presidente da ACALUZ e
Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ
Texto Extraido do Livro - Maranhão Encantado - Encantaria Maranhense e outras histórias.
Todos os Créditos a Mundicarmo Ferretti.
#ACALUZ
Imagem. Meramente ilustrativa.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

OROGBO/OROBÔ

O Orobo é um fruto que depois de seco assume a cor preta. O predileto dos Eguns e do orixá Xangô/Sàngó, por ser considerado um elemento de fundamento puro de ligação com Ikú (a morte).

No continente africano, em muitos territórios onde Xangô/Sàngó é cultuado, esse orixá é considerado como um dos maiores representantes dos Eguns, fato muito significativo nos cultos Yorubàs, mas, fortemente ignorado e até questionado no Brasil. Pois, aqui se afirma que Xangô/Sàngó tem verdadeiro pavor dos Eguns, espíritos dos mortos. Fato que muitos estudiosos atribuem a falta de conhecimentos sobre esse fundamento relacionado ao senhor da justiça. O que pode ser justificado devido a diáspora, onde com os sequestros de milhões de africanos trazidos de forma compulsória para o Brasil, muitos saberes se perderam e outros foram adaptados com as trocas culturais com os inúmeros povos e culturas da própria África, que foram introduzidos em solo brasileiro, assim como, com as desenvolvidas e nutridas neste mesmo solo.

Xangô/Sàngó é um orixá quente, assim como os Eguns. Desta forma, o orogbo por suas características e propriedades é o melhor fruto para ser oferecido, tanto no culto dos egunguns, associado a Ikú, a morte, como a Xangô, por sua capacidade de destruição através do raio.

Os orogbo também representam as pedras de raios (curisco) no culto a Sàngó. No culto aos Eguns representa os descendentes raciais ou familiares, os ancestrais, antepassados desencarnados, por isso, está relacionado a morte.

Quando se parte um orogbo e o oferece juntamente com mel em louvor aos ancestrais, essa combinação representa a comunhão do físico, o material com o espiritual, ou seja, entre os seres vivos e os ancestrais sendo cultuados na partilha desse fruto.

Orogbo é forte, ele está sempre inteiro.

O Orogbo (Garcinia kola) dá em uma árvore que cresce nas florestas tropicais da África ocidental. Os frutos, sementes, nozes e casca da planta têm sido usadas durante séculos na medicina popular para tratar doenças de tosses a febre. De acordo com um relatório do Centro para Pesquisa Florestal Internacional, o comércio da garcinia kola ainda é importante para as tribos e aldeias na Nigéria.

O Orogbo é tradicionalmente usado pela medicina popular na África devido ao seu poder purgativo, antiparasitários e antiviral. As sementes são usadas para a bronquite, infecções de garganta, cólicas, de cabeça ou no peito resfriados e tosse. É também utilizado para tratar distúrbios do fígado.

Os principais òrìsás que também podem receber ofertas de orogbos, são: Esú, Ossain Ìyàmi-Òsòróngà, Ògún, Òbàlúwàiyé, Oyà, Òmólú e Iyémowo-Iyémònjá. Já Òòrisànlà-Òbátálà só recebe oferta de Orogbo sem a casca de cor preta, para assim exibir sua parte interna branca. No culto a Òsún, o orogbo é inaceitável por sua relação com a morte, essa orixá não suporta nenhum tipo de elemento com ligação a morte/ikú/eguns.

Este fruto possui uma grande força ritualística, e quando oferecido em uma obrigação, a um orixá, deve ser sempre ofertado no mínimo duas unidades. O mesmo acontece com qualquer outro fruto, isso porque em ritual nunca se deve oferecer um, e sim, no mínimo, dois elementos de cada.

São utilizados nos ritos em louvor a Orunmilá, assim como de outros aborós. Sua relação com Orunmilá se deve por ser considerado como um elemento indispensável em jogos divinatórios, assim como nas feituras de "santos", no sentido de ajudar a alcançar a prosperidade. Utiliza-se também no preparo do abô, sasanha e da comida ritual especificamente nas oferendas de Airá.

Como pudemos notar, o Orogbo é muito mais que um fruto, mas sim, um elemento de extremo fundamento e energia, cheio de significados e importância nos cultos de matriz africana e nas práticas ritualísticas dos seus adeptos e nas relações com os seus orixás, voduns, inkisis e entidades.
#ACALUZ

Autor: Desconhecido
Por. Adriano Figueiredo - Presidente da ACALUZ
Revisão e Correção Profº Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ

INSTRUMENTOS DO CULTO MINA DA NAÇÃO NAGÔ.


FERRO  (Gan) 
Chamado popularmente de " ferro " em forma  cilindríca e as vezes meio  achatada, com uma haste de ferro fino  tocado por mulheres que seguindo a tradição   chamamos de  GANTÓSÍ  (ferreira ou tocadeira de ferro)            

ABATÁ
Chamado também de   " Tambor da Frente  " , originou-se entre o povo  da Casa de Nagô Abioton e hoje serve de modelo para praticamente quase todos os Terreiros do estado do Maranhão e  Fora dele.
 É um Instrumento confeccionado a partir de pedaços de tronco  oco,  pedaços de cano grosso ou  folhas de  zinco em forma de cilindro , com duas membranas  cobertas por couro de veado, cobra, cabra ou cabrito, variante de acordo com  tradição de seu dono, assim como já presenciei casas com tambores de fibra de vidro. Tem seu  nome particular ou privado  que é  um dos segredos da casa,  alguns Terreiros  costumam pintar um nome ou titulo em cavaletes de madeira   (que sustentam o instrumento)   homenageando seu dono ou alguma entidade da casa.
O Abatá também passa por  fundamentos internos tais como introdução de elementos  naturais, banhos, preparos próprios, unguentos, descanso,   batismo etc...
E quem faz uso desse instrumento, tira seu som é chamado de OLÚBATÁ ou no popular  "Abatazeiro " e consegue tirar dele  4 a 5 ritmos cadenciados e cada ritmo  com seu nome em dialeto.

JÁ DIZIA O POVO  ANTIGO :

"Quando um Tambor de Mina é  bem tocado, vai buscar Povo do Fundo e do Mundo " 

"Curador quando chama ou invoca o nome do Tambor, têm que dizer pra quem é e pra qual direção  vai seu valor"  

"Eu conheço encantados que amanhecem cantando no Tambor sem perceber que a hora está passando". 

SALVE O POVO NAGOENSE !!!!

🎵🎵
ESTAVA DORMINDO,
TAMBOR ME CHAMOU
 ESTAVA SONHANDO
TAMBOR ME ACORDOU
🎵🎵 


🎵🎵
EU TAVA LONGE QUANDO OUVI TAMBOR RUFAR...
FOI A MARÉ QUE BATEU NA PONTA GROSSA.
É SINAL QUE TEM FESTA LÁ NO MAR
🎵🎵


#ACALUZ

TEXTO: Márcio Arthur
Adaptação: Adriano Figueiredo.